quinta-feira, 7 de junho de 2018

Psicologia Positiva - As Amarras de Guliver



Percorrendo uma exposição de trabalhos escolares, da escola de meu filho, parei numa instalação artística baseada no livro de 
Jonathan Swift - As Viagens de Gulliver.

Ela representava uma cena clássica desse livro que foi a prisão de Gulliver, na ilha de Lilliput.
Gulliver tinha escapado de um naufrágio, nadando até aquela ilha. E, muito cansado pelo esforço, adormeceu na praia.

Ao acordar, sentiu-se imobilizado por centenas de finos barbantes, colocados pelo Lilliputeanos - pessoas minúsculas, com 15 cm de altura, que habitavam aquela ilha.

Por um tempo, por estar triste ao rememorar perdas recentes, por sentir-se muito cansado, e por não entender a situação que se apresentava – olhando atônito para pessoas minúsculas ao seu redor, assumiu uma posição de desamparo, que lhe sabotava as forças, e que o aprisionava na própria situação, sem oferecer uma resposta à ela.

Quem de nós nunca esteve preso em Lilliput que desate a primeira amarra!

Têm momentos em nosso viver que nos sentimos assim: desamparados. É quando a roda viva da vida gira, e muda tudo de lugar. Quando o carrossel do destino nos pega de jeito, alterando cursos e formas de ação.

E, gigante que somos em relação ao que, ou a quem nos aprisiona, ainda assim não conseguimos reagir, entrando num processo de letargia comportamental. É que a sucessão de acontecimentos, difíceis de digerir, esgotaram nossa capacidade de resposta.

Sentir-se desamparado ao vivenciar momentos assim, de luto, de enfrentamento de situações delicadas, daquelas que parece que estamos num beco sem saída, faz parte também da boa saúde mental.

Engana-se quem pensa que a vida é feita apenas de dias de céu azul. Passar por dias cinzentos faz parte do processo de viver. E, não se passa por momentos assim, em estado de júbilo e felicidade explícita. Momentos de silêncio interior, de quando a alma pede colo e cafuné.

E, descansá-la um pouco, deitado na praia, faz parte do reinventar-se.

Mas, um belo dia percebemos que as amarras não exercem sobre nós tanto poder, como outrora exerceram. Ou, que o medo do desconhecido, já não nos paralisa como dantes, embora ainda amedronte.
E que, aquilo, ou quem nos aprisionava não é mais forte o bastante para deter-nos, na fecunda força da esperança, que nos faz renascer.

E, rompemos os finos cordões que nos amarram, e botamos para correr as pessoinhas minúsculas que tanto nos atemorizaram.

Erguemo-nos das areias de Lilliput não mais os mesmos.

Agora, revestidos de uma imensa força interior, sentimo-nos potentes novamente para enfrentar velhas e novas batalhas de, e do, ser.

As pessoinhas minúsculas e as suas amarras medíocres não nos venceram. Não derrotaram o gigante que vive em nós.

Reerguemos-nos confiantes e olhamos novamente para imensidão do oceano azul como crianças que contemplam parques de diversão.

Não, não fomos feitos para morrer na praia. Então, saudosos dos mares repletos de instantes de liberdade e autonomia do ser, consertamos nosso barco, remendamos toscas velas, e estamos prontos e confiantes e para recomeçar, erguendo as âncoras de nosso ser que teimavam nos aprisionar em amarras que não mais fazem sentido.

Cientistas comportamentais da psicologia positiva entrevistaram pessoas que se reergueram da "praia de Lilliput" e descobriram algumas práticas que elas adotaram que ajudam a quem se sente como Gulliver deitado na areia, ainda sem forças para se reerguer.  Vejamos quais são:

A primeira delas é a postura de garimpeiro de coisas boas, belas ou virtuosas. Essas pessoas fizeram para si mesmas um firme propósito de enumerar diariamente as coisas boas. belas e virtuosas que viam, que faziam, ou que faziam para elas.  Havia uma intencionalidade nelas que altera a modulação do processamento cerebral, expandindo as fronteiras do pensamento seletivo negativo, para áreas mais positivas. Por exemplo, essas pessoas quando submetidas ao estresse de ter que se submeter a sessões de hemodiálise, pelo resto da vida, procuravam destacar as coisas boas que ainda havia naquela situação, como as amizades que faziam, ou o uso do tempo para leitura. Outros, sob as amarras de Lilliput, só viam naquelas sessões coisas ruins.

A segunda delas é a de pescador de gratidões. Não se trata de gratidão como uma emoção. Mas, como uma prática que após ser sentida, precisa ser expressada. Como se com o material da gratidão se tecesse uma bela arte, pela qual vale a pena se viver. Essas pessoas expressavam suas gratidões ou face a face, para pessoas por elas reconhecidas, ou em suas preces. Elas procuravam nos registros narrativos de suas vidas, enfatizar o momentos pelos quais eram gratas, no lugar de destacar as ingratidões pelo qual passaram. A gratidão ativa consegue romper muitas amarras de Lilliput, mas é um comportamento que rareia nos tempos presentes, nos quais as pessoas sempre se acham merecedoras de tudo, portanto, nada por elas é percebido como sendo uma dádiva, uma bênção. Voltando para o caso das sessões de hemodiálise, essas pessoas expressavam sua gratidão pelo cuidado que estavam recebendo dos profissionais de saúde, e por aqueles que em casa mantinham as coisas funcionando em sua ausência, e até pelos que deixavam-nas nos hospitais e depois iam pegá-las. Elas tinhas as retinas do coração abertas para perceberem as dádivas acontecendo, apesar de seus pesares.

E a terceira delas, muito presente nas pessoas que se reerguem dos tombos da vida, se reinventam a partir deles, ou lidam com eles de forma mais eficaz, é a de cultivador de emoções positivas. No jardim do coração dessas pessoas, há canteiros semeados, adubados e irrigados, periodicamente, com práticas de doação ao outro, práticas de bondade, práticas de paz, de otimismo e de esperança. Elas não adubam, nem molham, os canteiros das mágoas, invejas, ódios e ressentimentos. Deixam-lhes sem condições de crescimento. viço. Ao contrário, elas dedicam-se a uma causa, ou em tornar a vida das pessoas, ou do lugar por onde passam melhor, com a sua presença. Voltando ao exemplo das sessões de hemodiálise, elas são do tipo que levam um bolo, no aniversário da enfermeira que lhes atendem.

Garimpar coisas boas que acontecem na vida; pescar gratidões e cultivar emoções positivas é o segredo dos que conseguiram romper as amarras que lhes aprisionavam, ao lidar com os reveses do viver.

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Amplie a consciência.

Outro dia estava dirigindo à noite, o trânsito estava bem calmo, e rodava por uma área sem iluminação pública no acostamento. Então, pude contemplar as estrelas e o breu da noite que deitava sobre montanhas e prados.
Ai percebi uma característica que não existia nos faróis da década de 80.  Eles foram sendo aprimorados, no sentido de protegerem com sua iluminação as pessoas que estão nas áreas à direita do veículo, tanto nos acostamentos, como nos terrenos que a margeiam.
Antigamente , o bacana era projetar a luz bem à frente, sem preocupações com a iluminação do aceiro. Agora, um das lanternas é programada, num ângulo de 45 graus, para iluminar a margem direita. Veja o efeito dessa luz na foto acima que fiz.

Essa característica de perceber o que fica na margem de nosso itinerário profissional, e até de vida, é vital para nosso crescimento.

Têm um monte de coisas que estão no acostamento e no terreno que margeia nossa vida.  São placas de advertências, são comunicações de locais bacanas que podemos acessar, entrando por ali, são pessoas comercializando coisas legais, são pedestres e ciclistas que precisam de nossos cuidado.  São ipês floridos, são campos arados e prontos para receber as sementes.

Quanta coisa temos, nas margens de nosso viver, que pela ansiedade, preocupação e agitação interior, nessa busca frenética pelo existir, não mais percebemos.  Como se nossos faróis fossem antigos, que só focassem no que está à frente. E perdêssemos a capacidade de olhar para as beiradas de nossa vida profissional e pessoal, onde muitas coisas legais possam estar esperando por nós, para serem oportunizadas, em mil alternativas de outras possibilidades de ser e acontecer.

A agitação que o estresse provoca faz-nos fechar o foco de nossos faróis, tirando dele a capacidade de iluminar os extremos, priorizando o facho de nossa luz interior apenas no que está nos causando preocupação, nervosismos e ansiedade.

E, paulatinamente, vamos passando por tanta coisa legal, em nossa jornada da vida, sem vê-las, por não termos nos permitido iluminá-las com esse novo olhar, mais abrangente, holístico e integrado de nós mesmos, dos outros e da realidade.

E a vida vai passando,  por essa estrada, sem termos cuidado com placas de advertências que nos ensinarão como proceder com segurança, ou com as pessoas que margeiam nosso viver, correndo o risco de atropelá-las, com nosso existir sem cuidados para com eles, sem admiração e respeito.
Ou ainda, perdemos a capacidade de buscar fontes de prazer em outros locais, além daquele destino a que nos destinamos, em nossa peregrina jornada.

Locais que estavam ali, pertinhos, mas que não vimos, por estarmos cegos, em nossa luta pela sobrevivência. 

Precisamos com urgência regular melhor nossos faróis existenciais.  Ampliando expandindo a consciência e construindo novas possibilidades de ser, fazer e acontecer, muitas ali pertinho, na beira da estrada de nosso viver. 

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Subsidios para Estudo

Os vampiros emocionais

Subsídios para estudo.

Material legal psi positiva

Cuidado com as distorções cognitivas


Desaprenda!


Cuidado com o que pisa no outro, em si mesmo e na vida.


Desamparo Aprendido - Aula


Minhas 51 Apreende-Essências.


1. Nem sempre quem te chateia não te quer bem. Então, nas horas difíceis, repita: isso também passa; amanhã será melhor; é só uma fase. Respire fundo e acredite, logo as mil lágrimas secarão e darão lugar ao novo.
2. Cuidado para não ampliar demais aquilo que te machucou.
3. Registre seus momentos bons, faça fotos e vídeos, mas também os backups. Ou, os salvem na nuvem.
4. Algum objeto de sua época vai valer uma fortuna daqui a 50 anos, em lojas de antiguidades. Guarde algo.
5. Quando nos sentimos amados, tocamos o infinito. Sinta-se amado.
6. Quando amamos, fazemos o infinito. Ame.
7. Guarde seus bons momentos como quem fizesse com eles conservas emocionais.
8. Brinque bastante com seus filhos pequenos. Eles crescem.
9. Aquela roupa velha que não lhe serve mais, ainda voltará a ficar na moda.
10. Nem sempre é verdade quando te dirão: só vamos tomar uma cerveja; amanhã poderá ser pior; passarei na tua casa.
11. Pais e mães gostam de receber notícias dos filhos, inclusive de suas vitórias e até das dificuldades. Não os poupem disso. Eles não têm dons telepáticos, embora tenham sexto sentido.
12. Você nunca deixará de aprender. Estude, estude, estude, mas compartilhe, senão esquecerá.
13. Na vida, não existe almoço grátis, trabalhe.
14. Sem disciplina e esforço não se chega a janelinha. E, quem ainda assim chegar, ali não se garantirá.
15. Seus joelhos, memória e vista ainda vão falhar. Seja paciente com os idosos.
16. A vaga para pessoas com dificuldade de locomoção e idosos são para elas. Não as ocupem.
17. Alguma situação vai querer te corromper. Resista, seja ético. Não existe meia-ética.
18. Haverá muitas ideologias que irão querer te seduzir. Tema todas elas. Elas são formas modernas de prisão. Mesmo revestidas de bandeiras bacanas. Virarão doenças. Fixações sociais. Bando de povo chato e arrogante.
19. Filhos pequenos podem sujar a casa, fazer barulho, serem crianças. Não os transformem em adultos sérios antes do tempo.
20. Não seja um adulto sério, insosso, sem charme e tesão pela vida.
21. Aprenda a dançar, cantar, algum esporte, hobbies, algo que alivie o stress do dia a dia.
22. Alimente sua espiritualidade, mas que seja verdade tua prática cotidiana, dela derivada. E que ela não exclua de teu mundo quem não crer, ou crer em algo diferente de teus credos.
23. Não queria ser unanimidade, agradar a todos. Alguém vai cismar contigo, é direito dele. Você não o mudará por si só.
24. Se beber não poste.
25. Quando estiver no meio de uma crise, não tome decisões.
26. Quando estiver no meio de uma crise, tome decisões.
27. Tenha amigos do bem, positivos e esperançosos. Eles te ensinarão pelo exemplo a ver o outro lado das situações.
28. Cultive o otimismo. Mas saiba a arte de chorar uma noite e um dia. Não banque o forte.
29. Anote diariamente as coisas boas que lhe acontecem, testemunha ou faz. Esteja atento a elas. 

30. Perdoe, quando perceber no outro um gesto verdadeiro de mudança.
31. Perdoe, quando perceber que o outro é aquilo mesmo, e não adianta querer mudá-lo. Tenha misericórdia, nestes momentos. Mas não o carregue no coração, como uma mágoa encardida. Ele continuará sendo quem é e você pior.
32. Algum dia vão esquecer seu aniversário. Deixe de ser bobo. Faça você mesmo sua festa e os convidem.
33. A cada ano você poderá ficar mais sábio, generoso e aberto à vida. Ou, mais ignorante, egoísta e fechado na morte. Faça a escolha correta, a qualquer tempo do seu viver. Nunca é tarde para ser feliz, melhor do que ter razão.
34. Você não é imortal. Não guarde por toda a vida as suas melhores porcelanas para um dia especial.
35. Volte pra fazer aquela foto bacana, deixar pra fazê-la amanhã poderá não dar mais. Faça assim com tudo na vida. Adiar pode ser a negação da possibilidade que reina no tempo presente.
36. Cuidado para não perder horas preciosas de teu final de semana lavando o carro. Melhor pagar ao moço do estacionamento, e usá-las para outros fins mais prazerosos. Entendeu a metáfora?
37. Se restringe seu prazer, no sábado de manhã, apenas a lavar carro, numa rotina metodicamente marcada no teu calendário, mude. Toda rotina pode carregar em si mesmo celas.
38. Construa o seu relacionamento a dois. Viver a dois não é como jogar vídeo game. Não têm atalhos, nem bônus, nem vidas, nem macetes. Exigirá tolerância, renuncia e aceitação. Mas será ela quem te levará para tomar sol na cadeira de rodas. Sexo terás em muitas esquinas. Mas companhia. Ahh! companhia...
39. Cuide de seus irmãos. Aprenda a arte de receber e congregar tua família.
40. Admire e seja generoso com tua parceira. É isso que faz os relacionamentos duradouros. Aprenda a sorrir com ela.
41. Cuidado com o álcool, fumo, drogas lícitas ou ilícitas. São caminho quase sem volta.
42. Quando entrar em algum deles, peça socorro rápido.
43. Elabore sua felicidade. Felicidade não é o alcance de algo, é o caminho que trilhamos para tal. Nunca condicione ou terceirize sua felicidade. Seja feliz com, e não se.
44. Nos momentos em que tudo correr errado, contabilize as sobras. O que ainda pode fazer com a situação. O que há de bom nela? O que lhe restou? Perguntas salvadoras.
45. Envolva-se com uma ou mais de uma causa social. Ajude. Tire o foco de si mesmo.
46. Cuidado para não virar como aquele cavalo em carroça que só mira na frente, pela viseira que usa. No nosso caso, nos problemas e reclamações do viver. Tem muita coisa bacana na tua vida, que acontecerá à margem da estrada principal. Valorize-as. Esteja atento a elas. Para além das preocupações, algo de bom sempre acontece.
47. Não deixe ir dormir quem tu ama sem uma palavra doce, um gesto de paz ou de reconciliação. Cuidado com tuas verdades, percepções sobre algo. Tendemos a moldar a realidade para que ela caiba dentro de nossos esquemas mentais. Use a pergunta libertadora, que ampliará tua visão: Será mesmo que tenho razão, nisto que estou pensando sobre o ocorrido, sobre mim mesmo, ou o outro?
48. Viaje. Porém fuja dos roteiros tradicionais. Crie seus roteiros. As pessoas que conhecerá serão quem fará toda a diferença na tua viagem pela vida.
49. Trabalhe com sentido, em tudo que fizer. Será muito mais fácil achar o sentido do trabalho. Não escolha serviço. Sirva apenas.
50. Você adoecerá um dia. Faz parte. Largue de manha. Bote sua melhor roupa, faça a barba e finja estar bem.
51. Não destrua a escada por onde subir na vida. Cuidado com a arrogância do saber, poder ou ter. Eles não garantirão tua paz, quando estiver na pior.

Texto para Reflexão - Hábitos de pessoas felizes.

21 Hábitos de Pessoas Felizes

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Os Sete Hábitos para Infelicidade - O Agourento 7/7

"Aqui todos me perseguem." "Estão pensando em restruturar a área, lógico que é o primeiro passo para privatização". "Saio de casa e a minha lixeira está vazia. Chego e tem lixo. Aposto que o é vizinho." "Ouvi um pessoal falando mal de você."
O último hábito da infelicidade é o de ser um profeta do apocalipse: de si mesmo, dos outros e da realidade onde inserido.
É aquele hábito de quem precisa de teorias de conspirações - reais ou imaginárias, para ocupar-lhe o tempo. Não só nutre percepções de que estão tramando contra ele, em algum lugar, em alguma sala fechada, como aprende a semear a intriga e as divisões - "as tramas do submundo do crime".
Nesse hábito de infelicidade, o mundo é um lugar mau.
E, "nada é tão ruim que não possa piorar".
As pessoas são más. Tudo é negativo. Tudo.
E, não basta assim pensar, é preciso externalizar esse sentimento com porta-estandartes de dor: porta-dores.
De tanto pensamento assim que o cérebro processa não há mais lugar para a confiança, a esperança, a bondade, gratidão e compaixão para com o outro. Vive-se sob o império do "cérebro reptiliano" que se enche dos hormônios do estresse: adrenalina e cortisol; capacitando-nos continuamente para a guerra, em comportamentos de ataque, defesa ou fuga.
Como um liquidificador, os pensamentos vão triturando tudo e todos ao redor.
O pior, as pessoas viciadas nesse hábito se aliam formando verdadeira comunidades de sofredores, pessimistas ou vítimas de todo tipo de opressão, ou de vilões.
Ninguém escapa do viciado em dor: filhos, família, amigos, vizinhos, membros da igreja, do grupo de lazer, ninguém lhe escapa. Tem sempre alguém para criticar, ou para colocar-lhe no teatro de uma intriga, ou uma conspiração.
A pessoa acaba por gostar de viver esse papel de vítima. Na cabeça só há espaço para pensamento do tipo.
Passa o dia pensando em coisa ruim, em tudo que não presta.
Doenças, inveja, mágoas encardidas, puxadas de tapete que levou, fechadas no trânsito, fechadas na vida. Ou em armações contra ele, nas tramas e intrigas de "Estado". Todos com os quais convive podem ser suspeitos, traidores, ou não-dignos de confiança e respeito. Só ele presta e é confiável.
Vive no medo, medo da entrega, medo de criar vínculo, medo de ser atacado.
Afinal, para esse hábito de infelicidade, o mundo é um lugar ruim, perigoso, sempre em guerra e que precisa de um estado de alerta permanente, de postura para o ataque.
E, caso não haja guerra aparente, armam-se para uma que ainda virá.
Esse hábito precisa ser estancado.
Esse curso de infelicidade precisa ser alterado.
Um caminho possível, mas não fácil, é o da reeducação postural-atitudinal.
Desenvolvendo outros sentimentos mais positivos sobre si mesmo, sobre a vida e sobre os outros. Investindo em gestos de gratidão, escrevendo um diário com anotações das bênçãos.
Saindo de círculos pessimistas, excessivamente negativos, sejam reais sejam virtuais.
Fazendo crescer outros sentimentos, no jardim do coração.
Reaprendendo a confiar, um confiar sem tanta exigência, sem tanta expectativas, sem tanta cobrança.
Reaprendendo a criar vínculos saudáveis, positivos, com pessoas e grupos que elevem nosso espírito.
Onde mora nosso pensamento, mora nossa ação sobre o mundo. Que ela seja transformadora e positiva, o que não significa que será alienada e boba.
Vive em estado de alerta, de desconfiança e medo rouba a luz - por mais radiante que seja o dia.
Priva o ser de novas experiências, recomeços, "acreditações".
Surrupia-lhe o que tem de melhor, a arte de encantar-se com a maravilha de viver, a arte de assombrar-se com as coisas que só olhos atentos para o mundo, olhos que estão presentes, conseguem perceber.
Nega-lhe o dom de ver o belo, mesmo que muitas das vezes escondido em meio a tanta dor.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Os Sete Hábitos para a Infelicidade - Juízo de Valor 6/7

"Jamais me perdoarei por aquela decisão que tomei."
"Acho que o casamento de meu amigo é uma fantasia.".

Tem um hábito cruel que molda o curso das águas de nossos pensamentos em terrenos difíceis: o do julgamento.
Nele, o pior juiz somos nós mesmos.
É como se estivéssemos sempre na posição de julgar.
Colocando as emoções no tribunal. Julgamos o outro com severidade. Falta-nos compaixão, ao desenvolver esse hábito.
Todo mundo está em julgamento, e no juri perverso que criamos, ninguém recebe atenuantes, defesas favoráveis.
No hábito do tribunal emocional o mundo é repleto de mocinhos e vilões.
Não se concebe que um mocinho pode ser  vilão, vez por outra, ou um vilão pode ser mocinho.
As coisas, no tribunal das emoções, são vistas em termos binários 1 ou 0; 0 ou 1.
Severos demais, exigentes demais, perfeccionistas demais.
Todos que nos rodeiam, quando temos esse hábito muito extremo, estão nos devendo algo.
Estão precisando pagar-nos "dívidas" afetivas para serem aceitos.
Devendo-nos atenção, reconhecimento, amor, perdão, gentileza.
Ou sejo julgados pelos decretos do direito emocional da inveja, mágoa, rancor e desamor.

Uma outra forma de julgamento severo é para conosco mesmo.

Aquele concurso que não passamos, aquela relação sentimental que fracassou, aquela promoção que não veio, aquela decisão que tomamos e que nãos e revelou promissora. Abre-se as emoções ao buraco negro do passado, na sua força impressionante chamada de culpa. A culpa arrasta-nos para um lugar de não-ação, de pouca energia para virarmos as páginas. A culpa suga tudo ao redor, tal qual um buraco negro na física quântica.
Quando mergulhados no hábito do tribunal emocional, acabamos sendo o pior juiz de nós mesmos, e dos outros, minando nossa esperança e confiança em tempos melhores.
A aceitação de si mesmo é um passo concreto para alterar o curso do rio dos pensamentos, que correm nesse padrão de comportamento infeliz.
É fácil julgar o passado com os olhos do presente.
Fácil e de profunda crueldade. Aceitar-se é fundamental para fechar janelas da alma. Ao nos aceitar, em nossas limitações, carências, medos, manias e imperfeições abrimos espaço para que a estima por nós mesmos cresça.
Consequentemente, passamos a desenvolver a atitude da compaixão, ou da misericórdia, ao nos ver, a todos, dentro do mesmo balaio de não-completude, de não-perfeição.
Ficamos mais humanos, compreensivos com as diferenças, flexíveis a outras vistas de um ponto, ou outros estilos de vida.
Sair da posição de juiz ou "advogado do diabo" nos conecta a uma energia maior, a da aceitação, do perdão e da resiliência. As pessoas têm direito ao erro, a não funcionarem exatamente como queremos, a não nos oferecerem o que estamos precisando.
E, não precisam ser julgadas com severidade por essas expectativas não atingidas, condenando-as à pior das penas emocionais: a indiferença.
Seja para com o outro, seja a mais grave, para com nossa própria vida.
Decrete um habeas-corpus para você mesmo e livre-se das prisões do juízo de valor.

domingo, 13 de setembro de 2015

Os Sete Hábitos da Infelicidade - Vivendo no Palco 5/7

"Não conseguir lidar com a falta de sucesso".  "Após o fracasso nas olimpíadas tive depressão" "Acho que todo mundo se preocupa muito com minha vida. Chego no trabalho e noto os olhares". "Preciso de agitação, as coisas andam muito paradas".

Esse é um hábito para a infelicidade que vem do atuar, nos diversos palcos da vida.
Muitos líderes sofrem disso e arruínam sua vida ao saírem do palco, de qualquer que seja o palco.
Fica-se refém de admiração, de estímulos, de aceitação e de se sentir notado. A infelicidade vem de não se repetir com a mesma intensidade vivências prazerosas passadas, ou a se cobrar sempre mais e mais e mais. em alta rotação emocional, ou intensidade, a vida vira um show contínuo, e fica-se a espera - após cada atuação, dos reconhecimentos e aplausos.
Escravo do sucesso, status e do personagem que criou para nele viver, habitando no palco.
O palco é pouco acostumado com vaias.
Com não se fazer notado. Com silêncios após o show.
O palco é lugar de vitórias, de brilho, de realização.
O problema é que não se vive no palco.
Na vida temos os vales, os momentos de frustração, de ostracismo, de não-luz e palmas. E até de esquecimento.
Quem se acostuma no palco, quando passa a viver nos bastidores, no escuro das coxias, ou até quando não é mais convidado a atuar, morre um pouco cada dia.
Uso o palco como uma metáfora.
Têm família-palco, na sua relação com os filhos, noras e genros. Tudo tem que girar em torno delas nelas. Tem empresas-palco na sua relação com os funcionários.
Têm igrejas-palco. Têm trabalhos-palco.
Têm até relacionamentos-palco.
No palco não há lugar para derrotas. Para limites e perdas.
No palco tem-se a falsa sensação de onipotência.
De que as cosias sempre darão certo, e fica-se embriagado com as sensações derivadas de estar sempre no limite, superando-se.
Viver no palco é viver sempre em alta-rotação. Não se descansa no palco.
Uma vida repleta de exposição, com carência de estímulos e reconhecimentos. Como se a vida estivesse sempre lhe devendo pedido os "pedido de bis".
Viver querendo ser notado, ou achar que é tão importante a ponto de quando chega no trabalho as pessoas pararem o que estão fazendo para notarem sua presença é uma fantasia de dominação, de poder.
A mesma pessoa que cria a fantasia, cria os sofreres pela sua não realização.
Quem vive no palco a alegria é sempre pela metade.
Sempre escuta a vozinha: "foi bom, mas poderia ter sido melhor". nunca contenta-se por inteiro e de forma plena com o que tem, afinal, o show da vida exige dele sempre mais.
Quer ser modelo para todos, vive de satisfações, e precisa de colo a  todo instante.
Adora encenar papéis mórbidos para com eles despertar aceitação, compaixão e cuidados.
Você liga para uma pessoa com esse curso de tristeza e ela debulha todos os problemas em você:
o filho que não ligou, o tempo que fechou, o vizinho que a observa, a grana que mingou, a saúde que esculhambou.
É o teatro da dor. Não que não exista. Apenas é superdimensionada, dramatizada ao extremo para receber migalhas de afetos. Depressões de origem palco são comuns em tempos narcisistas que vivemos, e de forte apelo material.
Cantores, padres, atletas, líderes corporativos... ninguém escapa do preço da fama. No primeiro espetáculo que não venda ingressos, ou que a plateia o vaie, o mundo cai. A casa cai.

Costumo dizer a tipos assim: saia do palco. Pare de querer representar algo que não é, só para poder ser aceito. Trabalhe essa necessidade de ser amado, estimado, adorado, trabalhe melhor essa vaidade do eu.

Alguém nem vai está aí pra você, e daí? Alguém vai lhe vaiar, e daí.

As pessoas têm direito a não gostarem de uma ou outra cena de teu viver.

Ninguém é unanimidade, alguém não gostará de seus almoços domingueiros, a vida pede outros palcos, cenas, peças, personagens, e que tal parar de se dar tanta importância?
Permitindo-se ser plateia, vez ou outra? Permitindo-se ser vagão, no lugar da locomotiva de seu lar? Permitindo-se comer da comida dos outros familiares, no lugar de sempre ser quem os recebe? Permitir-se admirar o outro, no lugar de cultuar sua própria admiração.
Que tal sair da posição de ser adorado, quase como um deus?
Da posição da perfeição, dos rígidos padrões de comportamentos, do não aceitar os erros e falhas cometidos, seja por você, seja pelos outros.
Que tal ser feliz no lugar que já chegou?
Tem gente que vive na provisoriedade. Sempre insatisfeito, sempre em dívida consigo mesmo, com a vida. Sempre, após o show da vida, no lugar de celebrá-lo, já pensando no próximo show, nos "fundamentos que precisa melhorar para a próxima partida".
Sofrem de rotação gravitacional do eu. Estão sempre em espera de admiração, e tudo gira em torno delas mesmas.
Para a felicidade plena faz-se necessário desaprender esse hábito de vida-palco.
E descer ao mundo dos mortais, desenvolver a humildade, sem ser subserviente.
Cultivar um estilo de vida mais simples, se tanto consumo, vaidade ou ostentação.
Permitir-se a pastel de feira, como falo.
Deixar de se ver como centro das atenções, saindo dos holofotes do palco do viver, e curtindo a plateia, os bastidores, ou as coxias. Romper as algemas do palco, feitas de orgulho e vaidade.
Deixar de ser escravo de um papel, personagem e única peça, por mais estímulos que lhe traga, abrindo-se à outras possibilidades de si mesmo, ainda pouco exploradas.